Do Diário de Pernambuco, Vida Urbana, 14/12/2011:
A mudança da sede do Aeroclube de Pernambuco está mais próxima de ser concretizada. A expectativa é de que o local seja definido no primeiro semestre de 2012. De acordo com o presidente do centro de aviação, José Pereira Costa, foram discutidos com o governo do estado espaços em municípios da Região Metropolitana do Recife, como Paulista, Olinda e Cabo de Santo Agostinho, e também da Mata Norte, como Vitória de Santo Antão e Goiana. A saída do Pina é dada como certa principalmente por conta das obras da Via Mangue, que devem ser concluídas em novembro de 2014 e prometem melhorar o trânsito na Zona Sul. A Prefeitura do Recife já solicitou a desapropriação da área.
O assunto foi um dos temas de discussão durante audiência pública realizada pela vereadora Priscila Krause (DEM), na manhã de ontem, na Câmara de Vereadores. De acordo com a presidente da Empresa de Urbanização do Recife, Débora Mendes, o traçado da Via Mangue passará por dentro do clube aeronáutico, por isso a inviabilidade de funcionamento e permanência no local. Segundo ela, as negociações estão sendo realizadas diretamente com o governo do estado, que é o proprietário da área.
“Vários projetos da Via Mangue comprometem as instalações do aeroclube. Estamos em conversação amigável com o governo para viabilizar a nossa saída. Mas, vamos continuar prestando serviços de formação de piloto e comissário de bordo. Hoje, somos o maior centro aeronauta do Nordeste”, afirmou o presidente José Pereira Costa.
Ainda de acordo com o presidente do aeroclube, diversos processos tramitam na Justiça pela disputa do terreno. O governo do estado pede a reintegração de posse. Já a direção do centro solicita a posse efetiva. Em nota à imprensa, o aeroclube aponta que a área foi doada em 1940, pelo então governador Agamenon Magalhães. “Além dos cursos de formação, o espaço conta com instituições de pesquisa, desenvolvimento e inovação reconhecidas nacionalmente, que geram empregos e exportam aeronaves para Europa”, informou a nota.
O Tribunal de Contas do Estado (TCE) alertou a Prefeitura do Recife, ontem, sobre o andamento das obras das 2º e 3º etapas da Via Mangue, a mais importante obra viária em construção na capital pernambucana. De acordo com a fiscalização do órgão, registrada em relatório finalizado em outubro, se o andamento da intervenção urbana se mantiver no nível atual, a Via só será liberada na sua totalidade 14 meses após o previsto, ou seja, em novembro de 2014. Em audiência pública realizada pela vereadora Priscila Krause (DEM), na Câmara do Recife, na manhã desta terça-feira (13), o chefe do núcleo de Engenharia do TCE, Airton Alcoforado (foto), dos 11,54% previstos para o período, apenas 3,70% foram executados. A presidente da URB, Débora Mendes, presente no evento, anunciou que um novo cronograma será oficializado até o final deste mês. Segundo ela, o atraso na liberação da certidão do Ibama, expedida no último dia 25, foi um dos motivos para o atraso nas frentes de serviço.
Outra informação oficializada na audiência pública foi a desapropriação do Aeroclube, na região do Pina. De acordo com Débora Mendes, o traçado da Via passará por dentro do terreno do clube aeronáutico, fato que “inviabiliza”, segundo ela, sua permanência no local. A presidente da URB informou, no entanto, que esse é um ponto que a Prefeitura do Recife não terá intervenção direta, já que as negociações para a desapropriação do terreno vão acontecer entre a direção do Aeroclube e o governo de Pernambuco, proprietário da área. A informação contraria documento assinado pela assessora da presidência da URB, Ana Zuleika, que respondeu oficialmente à Câmara do Recife, dia 26 de setembro deste ano, questionamento sobre a utilização do terreno. “A área em referência do aeroclube é de propriedade do Governo do Estado, não havendo no âmbito deste Município nenhum estudo de Viabilidade Técnica para que o mesmo seja utilizado”, registrou Zuleika.
Para a vereadora Priscila Krause, responsável pela realização da audiência pública, o atraso em frentes de serviço como a “Canalização do Rio Pina” e a “Construção do Muro de Contenção”, duas ações fundamentais para a construção da Via Mangue, é preocupante. “Estamos no oitavo mês, desde a assinatura da ordem de serviço, e a canalização do Rio Pina, que é um serviço preliminar, por exemplo, deveria estar 90% concluída, mas até hoje não houve andamento. Nossa preocupação é com o cumprimento dos prazos. O Recife não vai admitir que exista atraso de um dia sequer e é por isso que vamos, ao lado do TCE, permanecer fiscais 24 horas. Agora é aguardar o anúncio desse novo cronograma e somar esforços para o Recife sair desse caos chamado imobilidade”, resumiu.
Oito meses após a assinatura do contrato entre a Prefeitura do Recife e a construtora responsável pela construção das 2º e 3º etapas da Via Mangue, a líder da oposição à gestão João da Costa, vereadora Priscila Krause (DEM), comanda nesta terça, a partir das 9h, no plenarinho da Câmara Municipal, uma audiência pública para debater o andamento da obra, muito relevante para a melhoria da mobilidade urbana na capital pernambucana. Estarão representados na mesa, além da Câmara, a Empresa de Urbanização do Recife (URB), responsável pela intervenção, e técnicos do Tribunal de Contas do Estado (TCE), órgão que comanda a fiscalização da Via.
O objetivo da audiência é apresentar à sociedade dados sobre o andamento da intervenção viária. “Nós observamos, independente de governos ou colorações partidárias, que a maioria das vezes que uma obra importante atrasa esse fato só é repassado à sociedade, só é discutido quando os prazos já estão extrapolados e não há mais como reverter. Temos a noção da importância da Via Mangue para a otimização da mobilidade urbana na cidade e acreditamos que a Câmara precisa estar presente no sentido de fiscalizar e trabalhar para que em setembro de 2013 o cidadão já possa se deslocar através da nova rota. O nosso objetivo é somar esforços”, resumiu Priscila Krause.
A Via Mangue foi lançada pelo então prefeito João Paulo em julho de 2004. É uma via expressa (sem semáforos), de 4,5 quilômetros de extensão, que desafogará o trânsito entre as regiões Norte/Central e Sul do município. Após vários atrasos, teve sua ordem de serviço assinada no dia sete de abril deste ano. A PCR estima um investimento de cerca de R$ 430 milhões, entre eles R$ 319,8 destinados ao contrato com a empreiteira responsável pela obra física.
O Recife de Clarice Lispector
O que parece ser um mero trocadilho adquire outro viés, outro sentido, mais afetuoso, pois se trata do pertencimento como vivência, como memória – resto daquilo que não é permitido ao esquecimento. A importância da cidade do Recife na vida de Clarice é apontada por ela em diversas ocasiões: entrevistas, crônicas, contos.
Clarice tinha entre três e quatro anos quando, em 1924, chega ao Recife, vinda de Maceió com o pai, a mãe e duas irmãs. A capital pernambucana foi o segunda residência da família Lispector, que saiu, em diáspora, da Ucrânia (Rússia) para o Brasil. No Recife, a família ocupa o segundo andar de um casarão situado na Praça Maciel Pinheiro, no atual bairro da Boa Vista, que, à época, era conhecido como o bairro dos judeus.
*Do blog Para Amar Clarice
“E quando a festa já ia se aproximando, como explicar a agitação que me tomava? Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate. Como se as ruas e praças do Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas. Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim. Carnaval era meu, meu”.
“Criei-me no Recife, e acho que viver no NE do Brasil é viver + intensamente e de perto a verdadeira vida brasileira”